Minicurso 1

Este minicurso tem por objetivo abordar a relação entre o Estado brasileiro e a Igreja Católica enfatizando as suas aproximações e seus distanciamentos, entre os séculos XIX e XX. Para isso, discutiremos as tensões sociais da segunda metade do século XIX como decisivas para a transformação política, econômica e cultural do Brasil, especificamente para as províncias do Norte. Esse cenário intensificou as divergências existentes entre a Igreja e o Estado, transformando-se mais tarde em uma Questão Religiosa, cujos padres envolvidos arregimentaram as insatisfações populares, a exemplo do Quebra-Quilos na Paraíba, do Contestado em Santa Catarina e da Revolta de Canudos na Bahia (HERMANN, 2009). Tendo em vista que era recorrente a participação e a liderança de clérigos em movimentos sociais dos oitocentos como padre Ibiapina, vigário Calixto da Nóbrega e dom Frei Vital, acreditamos que a Igreja e o Estado desfrutavam de uma relação tensa, mas de cumplicidade. Discutiremos, ainda, que no apogeu do Século XX as relações entre Estado e Igreja ficaram ainda mais divergentes, sobretudo, com a realização das Conferências Episcopais Latino Americanas, com destaque a Medellín em 1968 e Puebla em 1979 que deram base para à formação de uma ala da Igreja Romana que se aproximava das lutas sociais (MAINWARING, 1986), onde a figura de membros ordenados, a exemplo de Dom Luís Fernandes e Dom Helder Câmara que, assim como no século anterior, foram vistos como instigadores de um movimento social e político, o Cristianismo de Libertação (LOWY, 2019). Por fim, visamos reunir e instigar pesquisadores(as) interessados nos estudos das relações entre o Estado e a Igreja Católica, considerando que essas duas instituições, embora separadas pelo princípio de Estado Laico, não romperam suas relações políticas e sociais.