Minicurso 8

Este minicurso propõe uma análise crítica e multidisciplinar sobre os dois mandatos da presidenta Dilma Rousseff (2011-2016), primeira mulher eleita para o cargo máximo do Executivo brasileiro, bem como o processo que culminou em seu afastamento por meio de um Golpe de Estado. Serão abordadas as conjunturas políticas, econômicas e sociais do período, com foco nas políticas públicas implementadas, na crise econômica, nas tensões entre os poderes da República e na atuação da mídia e da sociedade civil. O curso também discutirá o enquadramento jurídico na destituição da presidenta, suas controvérsias e implicações democráticas. Partiremos de três interpretações sobre o período em questão. A partir do livro Valsa Brasileira: Do Boom ao Caos, a economista Laura Carvalho oferece uma leitura crítica do período recente da economia brasileira, com ênfase na transição entre crescimento e crise. Em relação ao governo Dilma Rousseff (2011–2016), Carvalho argumenta que o colapso econômico que marcou o segundo mandato da presidenta está ligado a uma série de escolhas políticas e econômicas feitas tanto por seu governo quanto por fatores estruturais e conjunturais internos e externos. O segundo eixo interpretativo, através da análise de André Singer em O Lulismo em Crise, conclui que o governo Dilma representa o colapso de um ciclo político, em que o lulismo entra em crise ao tentar transformar-se sem apoio social ou político suficiente. Dilma, ao romper com a conciliação típica do lulismo sem consolidar uma nova base de apoio, acabou vulnerável a uma reação conservadora, que resultou no impeachment. Por fim, o cientista político Armando Boito Jr., ligado à tradição marxista e à chamada Teoria do Novo Desenvolvimentismo, interpreta os governos petistas — especialmente o de Dilma Rousseff — como uma tentativa de reforma limitada dentro dos marcos do capitalismo neoliberal. Em seu livro, ele analisa a crise do governo Dilma como resultado de uma luta de classes entre frações da burguesia, tendo como pano de fundo a tentativa de implementar um projeto desenvolvimentista limitado, em confronto com os interesses do capital financeiro e da grande burguesia internacionalizada.