Este simpósio propõe um espaço de reflexão e debate sobre os múltiplos significados históricos atribuídos ao corpo, à saúde e à doença, compreendidos não como categorias naturais e imutáveis, mas como construções sociais, culturais e políticas que variam no tempo e no espaço. Partimos da premissa de que o corpo, seja como objeto de cuidado, disciplina, controle ou resistência, constitui um campo privilegiado para a análise das relações de poder, das normas morais, dos saberes científicos e das experiências subjetivas. Da mesma forma, as noções de saúde e doença extrapolam os limites da medicina institucionalizada, envolvendo disputas entre diferentes formas de conhecimento, como os saberes tradicionais indígenas, as práticas de cura de matrizes africanas e afro-brasileiras, os saberes populares e religiosos, e suas relações muitas vezes tensas com a medicina social. Essas noções são também atravessadas por questões de classe, raça, gênero, colonialidade e sexualidade. Assim, o simpósio busca reunir pesquisas que tratem da historicidade dessas categorias, evidenciando como práticas de cura, diagnósticos, políticas públicas e representações simbólicas foram e são moldadas por contextos históricos específicos, e como impactaram e ainda impactam os modos de viver, sofrer e morrer nas sociedades ao longo dos séculos.