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16 a 18 de setembro de 2025

6- Ditadura Militar no Brasil – entre repressões, resistências e refluxos do presente

JONATHAN VILAR DOS SANTOS LEITE (UFPB)
GUTIERRE FARIAS ALVES (UFPB)

A ditadura militar sem dúvida pode ser vista como um divisor de águas da história recente da República brasileira. A compreensão deste período torna possível não só entender a ditadura por si, mas o Brasil antes de 1964 e o Brasil pós 1985 até os dias de hoje. Por esse motivo que o seu real significado foi e continua sendo objeto de disputas. Isso decorre não só pela complexidade do objeto, como pelas suas implicações epistemológicas, políticas e éticas. Resultado disto foi a produção e divulgação de artigos, ensaios e livros que apresentavam interpretações que não apenas divergiam, como eram críticas em relação à história oficial referente a ação da repressão, da censura e da vigilância. Boa parte destes estudos produzidos desde então têm se detido a compreender desde as fundações do golpe, a crise do populismo e o governo João Goulart, como as articulações entre forças armadas, interesses estrangeiros e interesses de setores da sociedade brasileira – que passavam pela mídia tradicional, a Igreja Católica e aparelhos privados de hegemonia como o complexo IPES/IBAD em sintonia com a burguesia nacional e associada, por exemplo. Muitos estudos se voltaram para os efeitos práticos e objetivos da repressão militar desde os primeiros anos do regime, das prisões, assassinatos, desaparecimentos, exonerações e afastamentos mirando todos aqueles que ameaçassem a Doutrina de Segurança Nacional sob a pecha de agitadores, perturbadores da ordem e contraventores, tendo como alvos principais todos aqueles que se opusessem à violenta ditadura. E por oposição também tivemos variadas ações em prol de resistir à tirania estatal que partiam desde ações mais locais e/ou isoladas de sujeitos, às ações mais organizadas contando com grupos de guerrilha armada que também foram objeto de estudo de historiadores diversos. Outras produções dão atenção às manifestações culturais da época que vão desde análises voltadas para o universo musical, da prosa, poesia, teatro ou cinema nacionais. Questões econômicas também não ficam de fora, colocando em questão, por exemplo, o propalado “milagre econômico”, desmascarando sua real face repleta de desigualdade, de enriquecimento dos mais ricos e pauperização das classes subalternas. Um pertinente alvo de estudos portanto é justamente essa camada subalternizada da sociedade brasileira que irá cada vez mais dar o tom do período de distensão e transição da ditadura com a reorganização de grupos e movimentos sociais e políticos que terão forte impacto nas reivindicações que iam desde a luta contra a ditadura, a repressão e a sua economia antipovo, mas que também exigiam transformações no modelo de sociedade, na conquista de direitos e na participação popular ativa na vida política – algo que por tanto tempo havia sido privado. Nisto ganham visibilidade o retorno do movimento sindicalista combativo, o ressurgimento do movimento estudantil, a criação do Partido dos Trabalhadores e as várias ações em torno de questões urgentes da época como a Anistia e as Diretas Já, por exemplo. Estes e vários outros temas que porventura não foram mencionados têm composto essa miscelânea temática que mobiliza vários historiadores a refletirem sobre este tema ainda tão latente de um passado que não quer passar. O entulho militar ainda se acumula às claras: temos uma polícia que mantem-se militarizada desde a ditadura e continua utilizando boa parte de seu modus operandi de outrora; temos a constante presença de defesas criminosas aos crimes da Ditadura feitas até mesmo por ex-presidentes da República e que ao fim e ao cabo culminaram numa recente tentativa de golpe de Estado, assassinato de autoridades. A anistia volta mais uma vez à tona como apelo dos golpistas para o perdão de atos antidemocráticos e que a justiça dê o perdão mais uma vez a uma tragédia que se repete como farsa. Esses são alguns exemplos que nos revelam o quanto a história brasileira atual ainda é permeada de questões não resolvidas em torno da ditadura, seu fim e a consolidação de uma democracia vacilante. Por fim, este simpósio temático visa compreender estes meandros multifacetados da ditadura tanto em uma esteira de análise mais totalizante desta experiência nacional, quanto a nível de experiência local nas cidades país adentro, desnudando as particularidades de um processo histórico mais amplo.


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A II SEMANA NACIONAL DE HISTÓRIA, CONTEMPORANEIDADE E MULTIPLICIDADES está sendo promovida pelo Núcleo de História e Linguagens Contemporâneas – NUHLC – é um órgão ligado a Universidade Estadual da Paraíba – UEPB – que atua na promoção de atividades de ensino, pesquisa e extensão.

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